Vitória-ES é uma bela cidade, o charme das serras, cobertas por mata, que tocam o mar. Não haveria melhor plano de fundo para o Honbu Dojo (Dojo Central) da IOGKF Brasil. A cidade, com sua estrutura acolhedora, cativa o visitante, o que é é potencializado com a hospitalidade que se encontrará no Kominka Dojo.
Recentemente, estive no Honbu Dojo da IOGKF Brasil com o objetivo de treinar, por uma breve temporada, diretamente com o Instrutor Chefe da organização. Foram cinco dias de prática intensa, alguns deles com treinos pela manhã e à noite. Embora eu já tivesse treinado diretamente com Zé Mário Sensei, nunca o havia feito de forma tão concentrada como desta vez.
É claro que o advento dos aplicativos para reuniões online facilita o contato com pessoas distantes. Essas ferramentas têm sido fundamentais para o aprimoramento e a troca de experiências entre grupos com diversos interesses ao redor do mundo.
Não poderia ser diferente com a IOGKF!
Nos últimos anos, utilizamos amplamente os aplicativos de reuniões virtuais na IOGKF. Realizamos vários gasshukus internacionais online desde a pandemia, o que possibilitou o contato dos karatedokas com instrutores de renome internacional da organização e o aprimoramento das técnicas, além da manutenção do padrão da nossa escola de karatê.
As vantagens do uso das tecnologias online são significativas e a IOGKF Brasil tem feito bom uso delas!
No entanto, há algo na presença física que nada do mundo virtual até hoje conseguiu superar. Estar presente é poder sentir a temperatura do ar, o cheiro da cidade banhada pelo mar, da madeira que dá forma ao dojo, a sensação da sola dos pés no piso do Kominka.
É na presença que os sentidos são estimulados, criando-se uma conexão no tempo e no espaço com aquilo que se faz, uma experiência que a internet não consegue replicar.
Existir no Honbu Dojo me possibilitou o aprendizado através da observação direta da prática do Sensei e também da execução das técnicas sob sua orientação. Notar a forma como ele executa os movimentos, os detalhes imperceptíveis nos vídeos e o kime nas técnicas dos bunkais é algo que só é possível ao estar fisicamente presente no Dojo.
Para mim, como instrutor da IOGKF Brasil, estar exposto ao olhar atento do Sensei, que avaliava a execução das minhas técnicas estando ali ao lado para chamar a atenção para o que deve ser corrigido, aprimorado ou está sendo feito de maneira adequada, foi uma grande vantagem. Zé Mário Sensei é ávido por repassar os seus conhecimentos sobre o Karatê e o faz criando uma atmosfera de respeito e amizade.
Se o karatê pode ser representado pelo oceano e começamos a prática no meio desse oceano buscando chegar à linha da praia, o que fica claro a cada encontro meu com o Sensei é que a linha da praia que pretendia alcançar se distanciou. Tenho que nadar uma distância maior! O impacto da presença não está nas incorreções nas técnicas “avançadas”, mas na percepção das falhas nos pequenos detalhes, nos fundamentos. A presença me trouxe um sentimento de vazio que me impulsiona a dedicar ainda mais ao karatê. Domo arigato gozaimashita!
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